Peguei birra da Abercrombie

*Em primeiro lugar quero dizer: vou dar minha opinião, não estou falando mal de você que usa ou gosta da marca. Já disse que aqui no blog eu converso, exponho opiniões, eu faço um blog e não um jornal, aqui eu posso opinar e não preciso só dar notícias de maneira imparcial.

Outro dia eu li no site da Julia Petit uma matéria que contou o episódio de uma muçulmana que foi demitida de uma loja da Abercrombie por usar o lenço que é de costume em sua religião (hijab). Ela se recusou a tirá-lo para aderir ao código de vestimenta da empresa e por isso foi demitida (a Abercrombie exige que seus vendedores sejam bonitos, sarados e até o penteado das meninas é ditado por eles para que fiquem sempre atraentes).

Pra falar bem a verdade, eu nunca tinha ouvido falar nas políticas da empresa, só fui saber por causa dessa reportagem. Quando li, resolvi pesquisar as notícias que envolviam a marca e encontrei muita polêmica.

Antipatizei geral.

A primeira vez que eu ouvi falar nessa marca foi há uns 7 anos. Um babaquinha que eu conheço chegou perto de onde eu estava todo feliz e saltitante porque havia ganhado uma camisa, e quando abriu, era Abercrombie. Eu fiquei tão boba de ver um cara de mais de 30 anos todo eufórico porque havia recebido uma camisa de marca, que isso me marcou.

Depois disso é que eu fui percebendo que todo mundo voltava dos EUA com a mala cheia de camisetas dessa marca e que tinha virado moda. Até aí, nada demais. Não fiquei querendo porque realmente não vi graça nenhuma nenhuma nenhuma. Ainda mais pra mulher! Aqui no Brasil eu compro roupas trocentas vezes mais bonitas. 

O fato é que eu não sabia do que está por trás do conceito da marca. Agora que eu sei, tomei nojo!
Claro que no mundo dos negócios cada empresa faz o que quer, trabalha a imagem que quiser para atingir seu público alvo, isso é questão de marketing, de apelo publicitário, chamem do que for, mas achei a proposta da Abercrombie tão……..tão……… (tentando achar uma palavra melhor que BESTA mas não consigo). Olha só:

-A marca deixou de fabricar peças de roupas maiores do que o nº42 por considerarem que pessoas que vestem mais que isso não são bacanas o suficiente para usarem suas roupas.

Oi?

Quer fazer roupa só pra gente magra? Tudo bem, muita marca não faz roupas plus size mesmo. Mas sair divulgando uma bobagem sem tamanho dessa? Sem classificação.

-Palavras do CEO da empresa Mike Jeffries:

“Toda escola tem os adolescentes legais e populares, e os que não são tanto assim. E sinceramente, nós somos destes que queremos os bonitos, “cool”, que tem uma boa atitude e muitos amigos. Muita gente não serve em nossas roupas e não devem servir. Somos exclusivos? Com certeza!“

“É por isso que contratamos pessoas bonitas em nossas lojas. Elas atraem outras pessoas bonitas e nós queremos vender para clientes descolados e de bela aparência. Eu não quero nossos clientes vendo pessoas não gostosas vestindo nossas roupas.”

“Sinceramente nós vamos em busca de jovens descolados. Nós vamos atrás dos jovens americanos atraentes e com atitude e seus amigos. Muitas pessoas não pertencem as nossas roupas e não podem pertencer.”

“Abercrombie está interessada em pessoas com barriga de tanquinho que pareçam que acabaram de saltar de suas pranchas de surf.”

“Eu realmente não me importo com o que as pessoas fora do meu público-alvo pensam.”

Nossa, eu devo fazer parte da ralé mesmo, já que não vejo graça nenhuma nessas roupas.

Tadinha de mim, não sou bacana o suficiente para usá-las. Ô dó. E não é recalque, pois eu visto 42 e ainda entro no molde deles.

Ai que coisa mais patética para uma empresa, coisa feia…

-E essa história de contratar só gente sarada pra ser vendedor da loja e ficar sem camisa? O critério para você ter um emprego nessa empresa é ter uma barriga tanquinho. De cérebro eles não precisam não? Parece que sim, na ala de quem manda no negócio, pelo menos.

Nós estamos cansadas de ver propagandas com modelos maravilhosas, magras, esbeltas, com uma beleza que realmente não representa 95% das consumidoras. Mas em se tratando de publicidade, é de se entender que uma marca de perfume queira contratar uma beldade como a Gisele Bundchen como representante. Isso é uma coisa.

Agora, fazer a mesma coisa e escancarar: meu produto não é pra você, que é gorda, feia e boba, aí já é burrice, não é não? Me corrijam se estou enganada, gente! Não consigo ver onde está a vantagem na propagação desse conceito.

-E uma última coisa: quer ser objeto de desejo? Quer que todo mundo queira até perder peso pra caber nas suas roupas? Faça um produto melhor, né? Porque esse tipo de roupas que eles fazem, todo mundo faz. Pelamor!