Conversa, Maternidade

Maternidade: quando colocar os filhos na escola?

01 jul 2015 • por Luciana Vilela • 6 Comentários

Minha experiência: quando coloquei minhas filhas na escola

Hoje em dia uma coisa que escuto muito quando converso com as amigas que tem filhos pequenos é o dilema de matricular ou não as crianças pequenas na escola. Vocês sabem que eu não sou pedagoga, nem professora, sou “só” mãe, mas mesmo assim acho que contar minha experiência pode ser válida pra ajudar alguém. Até porque eu acho difícil ter um certo e errado nessa história, e minha experiência é a prova disso!

Quando colocar seu filho na escola

Laura e Isabela no primeiro ano da escola <3

A influência dos nossos pais

Na minha época era comum as crianças começarem a vida escolar aos 4 ou 5 anos. Antes era mais comum o perfil da família em que só o pai trabalhava e a mãe podia cuidar dos filhos em casa, ou mesmo que os pais trabalhassem era “menos difícil” ter a figura da funcionária doméstica que tinha essa função. Hoje isso é cada vez menos comum, e as crianças estão começando a vida escolar mais cedo, muitas vezes ainda bebês.

O resultado disso é a grande dificuldade em aceitarmos essa realidade, seja pela nossa experiência ou pela influência da geração dos nossos pais, cuja maioria desaprova essa modernidade. Ouvi muitas vezes coisas do tipo:

-“Mãe que coloca filho pequeno na escola é porque quer ficar livre deles”

-“Lugar de filhos pequenos é com a mãe”

-“Crianças que vão cedo a escola ficam traumatizadas depois”

… e muitas outras “frases de incentivo” parecidas com essas.

Quando coloquei a primeira filha na escola…

Eu tinha meu escritório de arquitetura em casa, então mesmo voltando a trabalhar cedo – Laura tinha 3 meses – eu sempre pude acompanhar tudo sem sair de casa. Eu fazia o que podia, pois tinha meu trabalho, mas sempre contei com a super ajuda da família, aka mãe e irmã. A Laura foi para a escola em janeiro de 2009, com 2 anos e 3 meses, e mesmo assim escutei muita gente dando opinião de que foi cedo demais.

Ela ainda era filha única, mas sempre foi muito sociável, sempre fez amizades facilmente. No shopping ou na sorveteria ela sempre se apresentava para a primeira criança que via na frente: “oi, eu sou a Laura, qual seu nome? Vamos brincar?” E eu morria de pena de ver que ela sentia tanta falta de companhias.

Uma coisa é certa: eu a coloquei na escola aos 2 anos e 3 meses muito mais por causa dela do que por minha causa.

Como foi o primeiro dia de aula?

Eu separei toda a primeira semana de aula para ficar na escola no período da tarde, pois é normal que os pais acompanhem a adaptação dos novatos em algumas escolas. Mas no primeiro dia de aula, a Laura me deu um tchau de costas e foi pra sala.

OI????? Como assim? Eu posso voltar pra casa? A diretora até me disse que eu poderia ficar na escola, mas que pela reação da Laura eu poderia ir pra casa tranquila porque tudo estava bem. E desde o primeiro dia de aula até hoje eu penso que foi a melhor coisa que eu fiz pra ela, pois ela sempre foi feliz da vida pra escola.

Quando a segunda filha foi pra escola?

Como eu já disse no outro post sobre a gravidez, com o segundo a gente já não tem mais tanto medo. É mais expectativa do que medo.

A Isabela foi um bebê super tranquilo e saudável, mas ao contrário da irmã, que sempre foi uma maritaca, ela não falava nada. Laura falava de tudo antes mesmo de completar 1 ano, e a Isabela já tinha 1 ano e 7 meses e não falava nem “papá” e “mamá”, nada! Depois de ir ao pediatra e ao fonoaudiólogo fiquei tranquila com os diagnósticos e os conselhos: ela era normal e saudável, só precisava de estímulos específicos, coisa que ela conseguiria na escola. E ela foi matriculada em agosto de 2011, com 1 ano e 9 meses.

Confesso que até eu achei cedo demais, mas estava tranquila por causa de todos os fatores:

-os especialistas aprovaram

-eu já tinha um bom relacionamento com a escola (a mesma onde a Laura estava)

-meu marido e eu concordamos, então não interessava mais o que os outros pensavam

O resultado? A Isabela aprendeu falar tão bem que até hoje ela é a maritaca da família. Até hoje eu olho pra essa faladeirinha e brinco: ” e pensar que eu tinha medo de que ela não iria aprender a falar!”

Tem conselho? Tenho sim senhora!

Se fosse pra eu enumerar tudo que eu penso sobre quando colocar seu filho na escola, seria isso:

-Como é a rotina da criança? Ela tem amiguinhos? Ela tem lugar e hora pra brincar? Ela sente falta de conviver com outras crianças? As respostas para estas perguntas podem indicar se a escola será boa para ela.

-Por mais que você a ame, tem coisas que você não consegue fazer por ela.

-Por mais que os outros pensem e até falem isso, você não é uma péssima mãe porque decidiu matricular seu filho na escola. E nem que ser livrar dele!

-As boas escolas tem atividades excelentes para desenvolver a criança em tudo. Se você já conheceu a escola e confia nos profissionais que estão lá, saiba que seu filho estará muito feliz lá dentro.

-Filhos são uma bênção, mas não há nada de errado em você ter uma vida enquanto eles estão na escola. Pensar nisso também não faz de você a pior mãe do mundo – mas prepare-se para escutar indiretas do tipo.

-Aliás, prepare-se para escutar de tudo. Mas se os pais da criança estão de acordo as opiniões dos outros não terão importância nenhuma. Não fecho os ouvidos para a experiência dos mais velhos, mas depois de um tempo a gente aprende a confiar no que já aprendeu com eles a vida toda.

-Esteja segura da sua decisão e não demonstre pra todo mundo (inclusive pra criança) que você não sabe o que fazer. Isso evita muita “ajuda” disfarçada de “se meter na sua vida”, e seu filho, ao te ver segura, vai se sentir seguro também.

Eu conheço muita gente que nessa fase fica cheia de culpas e incertezas. Não tenho uma resposta certa pra dar a ninguém, nem pra mim, mas sou dessas que acham que no fim tudo vai dar certo pra quem ama e preocupa sempre em acertar.

Veja também: A segunda gravidez é igual a primeira?

 

 

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6 Comentários
  1. Ana Lu Fragoso | Oxente Menina   ///   01/07/2015 - 04H20

    Tô nesse dilema, Lu. Em agosto Luca vai estar com 1 ano e 10 meses, a ideia inicial era esperar até fevereiro de 2016, qdo ele já estivesse com 2 anos, pra entrar na escola. A verdade é q pra mim a rotina de trabalho (eu trabalho de casa tb), afazeres domésticos e baby está sendo bem puxada, acabo não fazendo nada direito. Ele entrando na escola me daria um turno para fazer minhas coisas e o outro pra ficar com ele. Ainda não sei se iremos colocá-lo na escolinha agora no meio do ano, mas estou pensando seriamente nisso.

    • Luciana Vilela   ///   02/07/2015 - 08H25

      Te entendo, Ana Lu… mas qualquer que seja sua decisão, faça com segurança e sem pensar no “e se eu tivesse feito diferente” depois. Tudo tem prós e contras, e se fosse fácil se chamaria miojo, rsrsrs

      Mas tenho certeza de que vcs farão o melhor sempre, porque tem amor no meio! <3

  2. Wagna   ///   01/07/2015 - 09H45

    Meu primeiro filho ficava com uma babá, pois na época eu tinha um emprego formal, então após a licença maternidade só tive esta opção, foi um período difícil, pois não conseguia encontrar alguém realmente de confiança, depois já com 01 e meio decidi deixar numa escolinha em tempo integral foi melhor pra ele, pois tinha outras crianças com quem poderia se relacionar, mas senti que fez falta pra ele e também me senti muito mal, não me achava boa mãe, perdi muito em relação à convivência neste período só conseguia acompanhar um pouco o dia-a-dia dele porque meu marido gravava vídeos. Depois quando já estava com 02 anos e pouco decidi deixar o trabalho formal, montei um home office em casa e segui a profissão como autônoma e e foi a melhor decisão de todas, passei a trabalhar em dobro, mas tinha tempo pra ele, estava por perto, aí ele passou a ficar na escolinha meio período apenas. E como foi bom pra ele também, era visível a mudança, ficou mais falante mais alegre. Uns quatro anos depois, tive minha filha e não quis nem babá, nem escola. Foi a fase mais difícil da minha vida, pois eram 02 filhos+marido+casa+trabalho!!!E além disso meu marido fazia faculdade à noite!! Só com 03 anos e meio é que a levei para uma escolinha, e mesmo assim porque era ela quem pedia, pois via irmão indo pra escola todos os dias e percebi também que ela sentia falta de companhia da mesma idade. Mesmo com as dificuldades não me arrependo nem um pouco de todo trabalho que tive , e pude perceber e sentir na pele o quanto é importante para o filho a presença da mãe em tempo integral pelo menos até 01 ano de idade, para a mãe também. E sei o quanto no mundo de hoje na maioria das famílias, as mulheres precisam trabalhar, mas é preciso pensar primeiro no que é melhor para os filhos.

    • Luciana Vilela   ///   02/07/2015 - 08H23

      Oi Wagna,
      não é fácil, né? E pior é que por mais que a gente sofra pra tomar as decisões e fazer as nossas escolhas pensando em fazer o melhor vai ter sempre alguém pra criticar. Se vc para de trabalhar vc é a louca que deixa a vida profissional de lado pra ser mãe. E se continua a levar a vida profissional, e só Deus sabe como é difícil por causa do resto da nossa vida de mãe, esposa e dona de casa, aí alguém diz que somos mães relapsas que deixam os filhos na escola.
      O bom mesmo é quando olhamos pra trás e não nos arrependemos de nada, né? Entre erros e acertos, acho que no final ainda somos heroínas mesmo não dando conta de 100%. Parabéns!!!

      • Wagna   ///   02/07/2015 - 08H22

        Verdade!! Sofri com críticas de todo jeito…. da família, amigos…. Mas hoje (meu filho 17 e minha princesa 10) somos uma família feliz e unida, meus filhos são incríveis!! Me sinto satisfeita e meu marido também. Então tá tudo certo!!!! E as críticas não me afetaram.

  3. […] do que faria em casa, entediado e tentando chamar minha atenção enquanto eu tento trabalhar. {Lu Vilela falou semana passada sobre esse assunto no Mulher sem Photoshop, e em meio a esse dilema que eu estou passando, ler sobre a experiência dela me ajudou […]

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